Por Antonio Prado, Head de Atendimento da PinePR
Nos últimos anos, inovação virou uma espécie de mantra para as empresas. A busca por diferenciação gera a necessidade de inovar para estar à frente dos concorrentes, mas tenho visto casos em que a palavra se tornou uma buzzword com pouco sentido prático. É como falar em “estratégia de inovação”, quando, na realidade, a inovação precisa ser utilizada como forma de potencializar a estratégia de negócios.
Inovação não é algo que acontece da noite para o dia, não é plug and play. Na realidade, empresas com uma mentalidade inovadora, como várias que tive e tenho o prazer de atender ao longo dos anos, entendem que a inovação só acontece realmente (de forma consistente e com resultados práticos) quando está conectada ao propósito e aos valores da empresa, bem como à solução de um problema do consumidor.
Esse é mais um caso de assunto acelerado pela digitalização dos negócios durante a pandemia. Quem tinha ficado “imune” ao movimento ágil percebeu, da forma mais dramática possível, o quanto é importante ser flexível e adaptar-se rapidamente ao que o mercado apresenta a cada momento.
Para quem atua com comunicação, essa é uma discussão constante: vivemos há mais de uma década uma intensa transformação que mudou o balanço entre “grande mídia” e “mídia independente”: redações cada vez mais enxutas convivem com influenciadores digitais que têm o poder de alcançar milhões de pessoas. A transformação dos meios de comunicação é evidente: qual é a diferença entre uma rádio que coloca sua redação ao vivo no YouTube e o analista de investimentos que faz uma live comentando as notícias do dia?
O ecossistema de comunicação se transformou e as empresas que buscam ter uma presença mais forte precisam acompanhar as mudanças. As agências passam a conviver com o desafio de rastrear o mercado e descobrir onde colocar seu cliente para obter o maior impacto para o negócio. Se por um lado a vida era mais fácil quando só havia três jornalões e quatro emissoras de TV, hoje as possibilidades são muito maiores e mais interessantes.
Como acelerar a inovação na comunicação
Uma conferência da Yale University mostra que inovar significa usar uma caixa de ferramentas para obter os melhores resultados a cada momento. É preciso modificar processos, a própria empresa e a liderança para obter melhores resultados. Na comunicação corporativa, isso se traduz em uma série de transformações:
1) Inovação em processos
Experimentação constante: buscar os principais veículos de economia, mas dar menos peso aos youtubers do setor, pode funcionar em um determinado momento, mas não em outro. Só testando, experimentando, aprendendo, é possível calibrar corretamente as ações.
Crie projetos de curto prazo: a inovação funciona melhor quando acontece rapidamente. “Cozinhar” uma ideia por muito tempo não gera resultados, é preciso transformar conceitos em entregas. Ao trabalhar a comunicação de um cliente, crie projetos de curto prazo para seu time para estimular a geração de ideias que possam ser experimentadas.
Busque novas perspectivas: a reciclagem de ideias tem um efeito limitado em um mundo em transformação. As receitas que tiveram sucesso no passado podem não funcionar mais.
Calibre suas métricas: a tradicional centimetragem conta parte da história. Atualize suas métricas de mídia para o mundo digital. Qual é o valor de estar presente na live de um influenciador no Instagram? Qual é o impacto dessa ação sobre o negócio do cliente?
2) Inovações na organização
Elimine os silos: crie caminhos para que as equipes aprendam umas com as outras e compartilhem melhores práticas.
Estimule novas ideias e um ambiente de experimentação: mecanismos de premiação dos profissionais que trouxeram ideias que fizeram a diferença para os clientes funcionam bem para gerar um ambiente de inovação.
Contrate bem: estamos em uma era em que os profissionais precisam ter autonomia para buscar os melhores caminhos para os clientes. A rotina de mandar press releases e fazer follow up está morta. Profissionais proativos geram melhores resultados.
3) Inovações na liderança
Toda transformação começa na liderança. Sem as pessoas corretas em posições de decisão, nada vai acontecer.
Seja o “Chief Courage Officer” do seu negócio: é preciso ter coragem para fazer algo diferente, e isso vai contra a natureza humana. Quando o próprio líder do negócio busca melhorar constantemente e encontrar novas formas de entregar resultados, isso gera uma espiral positiva de inovação em toda a empresa.
Polinize a inovação: o líder precisa ter o papel de estimular a troca de ideias. Crie fóruns formais e informais para a troca de ideias. Sessões de ideação, reuniões de compartilhamento de boas práticas e bate-papos no dia a dia do negócio são igualmente importantes para gerar um espírito inovador.
Lidere com humildade: os melhores líderes sabem que não sabem tudo, e não têm nenhum receio em admitir isso. Quando admitem, abrem espaço para ideias melhores que as suas e estimulam a equipe a propor inovações.
Busque novos líderes: a liderança precisa estar focada em construir novos líderes, treinando as equipes e construindo times sólidos.
Destrua a burocracia: demorar para tomar decisões é uma forma segura de bloquear a inovação. Diminua as instâncias de aprovação e libere as equipes para aplicar novas ideias rapidamente.
Quando o assunto é inovação, não existe uma “bala de prata”, uma solução simples que responde todas as perguntas. Em qualquer segmento do mercado, inovar depende de saber identificar problemas, testar soluções, encontrar respostas e entender que, em pouco tempo, essas respostas não serão suficientes. É um processo constante e inevitável. Quanto mais você percorrer esse caminho, melhor será.
Antonio Prado é Head de Atendimento na PinePR e conta com mais de 11 anos de atuação em relações públicas e assessoria de imprensa. Como Head de Atendimento na PinePR, busca expandir a atuação da agência em gestão de crise e reforçar o atendimento de scale-ups e unicórnios, por meio de uma gestão estratégica e criativa focada em resultados e na excelência do atendimento.